A Quaresma é um período de 40 dias no calendário cristão, começando na Quarta-feira de Cinzas (clique aqui) e terminando no Tríduo Pascal. É um tempo de reflexão, penitência, oração, jejum e caridade, preparando os fiéis para a celebração da ressurreição de Jesus Cristo. O número 40 tem significado bíblico, simbolizando períodos de teste, arrependimento e renovação espiritual, como os 40 dias de Jesus no deserto.

História da Quaresma

A prática da Quaresma remonta aos primeiros séculos do Cristianismo, onde os novos convertidos se preparavam para o batismo durante a Vigília Pascal. Gradualmente, tornou-se um período de renovação para toda a comunidade cristã, não apenas os neófitos. No século IV, após o Concílio de Niceia (325 d.C.), a Quaresma começou a ser observada de forma mais formalizada.

Preparação para a Quaresma

1. Reflexão Pessoal: Reserve um tempo para refletir sobre sua vida, fé e as áreas que necessitam de mudança ou renovação. Examine sua consciência em oração.

2. Jejum e Abstinência: Tradicionalmente, os cristãos praticam o jejum (comer menos do que o normal) e a abstinência (evitar certos alimentos ou práticas, como carne às sextas-feiras) durante a Quaresma. Isso serve como um exercício de disciplina e um lembrete das privações de Jesus no deserto.

3. Oração e Meditação: Aumente o tempo dedicado à oração e à meditação. Muitos utilizam leituras bíblicas diárias, retiros espirituais ou a prática da Via Sacra para aprofundar sua relação com Deus.

4. Caridade e Serviço: A Quaresma é também um tempo para praticar a caridade e o serviço ao próximo. Isso pode incluir doações para os necessitados, voluntariado ou atos de bondade no dia a dia.

5. Participação na Comunidade: Engaje-se mais ativamente em sua comunidade de fé, participando de missas, grupos de oração e eventos paroquiais.

6. Renúncia Pessoal: Muitos fiéis escolhem renunciar a algo que gostam durante a Quaresma, como uma forma de sacrifício pessoal. Pode ser algo como redes sociais, doces, café ou outra indulgência.

Exemplos Práticos

• Jejum e Abstinência: Um adulto pode optar por fazer apenas uma refeição completa e dois lanches por dia durante a Quaresma.

• Oração: Dedicar um tempo específico cada dia para a leitura da Bíblia ou para a oração silenciosa.

• Caridade: Participar de uma campanha de doação de alimentos na igreja ou oferecer-se para ajudar em uma cozinha comunitária.

• Renúncia: Desistir de assistir televisão ou usar redes sociais após o jantar para passar mais tempo em oração ou com a família.

Preparar-se para a Quaresma é uma jornada pessoal que varia de acordo com cada indivíduo. O mais importante é buscar uma conexão mais profunda com Deus e com os ensinamentos de Jesus, refletindo sobre o sacrifício e a ressurreição.

Contos

O Monge e o Cesto Furado

Perto de uma montanha tranquila, morava um monge que adorava meditar e rezar. Todo dia, ele levava seus alunos até o topo da montanha para encontrar um bom lugar para pensar e rezar juntos. Perto dali tinha um rio com água bem limpinha.

Um dia, um aluno perguntou ao monge por que eles continuavam rezando todo dia, mesmo esquecendo o que disseram logo depois.

O monge, bem calmo, deu ao aluno um cesto feito de bambu e pediu para ele encher de água no rio e trazer de volta. O aluno sabia que o cesto não ia segurar a água, mas fez o que o monge pediu. Claro, o cesto chegou vazio, só um pouco molhado.

"O que você aprendeu?", perguntou o monge. O aluno disse que o cesto não segurava água. O monge pediu para ele tentar mais vezes. Depois de várias tentativas, o cesto ainda não segurava água, mas estava mais limpo.

Então, o monge explicou: "Isso mostra que, mesmo que a gente esqueça as palavras das nossas orações, o ato de rezar e meditar nos limpa por dentro. Faz nosso espírito ficar mais puro. Rezar nos ajuda a nos sentir melhor, em paz, e mais amáveis, mesmo quando a vida está difícil."

Essa história quer dizer que não importa se a gente não lembra de todas as palavras que dizemos quando rezamos. O importante é continuar tentando, porque isso nos faz bem por dentro.

Visões Diferentes

Era uma vez, numa casinha na Polônia, uma família bem feliz. Um dia, eles descobriram que os avós iam se mudar para lá. O filho ficou super feliz, mas os pais ficaram preocupados porque a casa era pequenininha. Eles sabiam que com os avós por perto, ia ficar tudo apertado e bem mais barulhento.

O pai, que era fazendeiro, foi pedir um conselho para o rabino. O rabino só falou: “Deixa eles virem.”

Os avós chegaram trazendo um monte de móveis e a casa ficou cheia e barulhenta. O fazendeiro voltou ao rabino, que dessa vez sugeriu colocar as galinhas dentro de casa.

Meio sem entender, mas confiando no rabino, o fazendeiro colocou as galinhas pra dentro. Mas ó, só piorou o barulho. Aí, ele voltou lá no rabino, que falou para trazer as cabras pra dentro também.

A casa virou um caos total. Desesperado, o fazendeiro foi de novo falar com o rabino, que mandou trazer as ovelhas pra dentro da casa.

Com a casa parecendo mais um celeiro do que um lar, o fazendeiro estava no limite. Foi quando o rabino finalmente disse: “Leva as ovelhas pro celeiro, as cabras também e coloca as galinhas de volta no galinheiro.”

O agricultor fez como instruído e, à medida que os animais eram retirados, a família começou a arrumar a casa. No fim, todos concordaram que, de fato, sua casa era o lugar mais espaçoso, pacífico e confortável que poderia existir.

Esta história nos lembra de que, às vezes, as situações podem parecer difíceis até que ganhamos perspectiva sobre o que verdadeiramente importa. O sofrimento pode nos ensinar a valorizar a paz e a ordem que já possuímos.

Sopa de Pedra

Era uma vez, em uma vila muito pobre, três monges viajantes chegaram durante um tempo de grande fome. Os moradores, temendo não ter comida suficiente para si próprios, esconderam tudo o que tinham. Quando os monges perguntaram se havia um lugar para descansar e algo para comer, todos responderam que não tinham nada.

Os monges então anunciaram que fariam uma sopa da pedra para compartilhar com todos na vila. Curiosos, os moradores se reuniram enquanto os monges pegaram uma pedra grande, limparam-na e colocaram-na em uma panela grande com água sobre uma fogueira.

À medida que a água começava a esquentar, os monges falavam em voz alta sobre como a sopa ficaria ainda melhor com apenas um pouco de sal e talvez algumas ervas. Um por um, os moradores começaram a lembrar-se de "pequenas coisas" que poderiam contribuir: uma batata aqui, um pouco de cenoura ali, talvez um pedaço de carne. Cada um trazia o que podia, até que havia uma rica e deliciosa sopa cozinhando.

A vila inteira se reuniu para desfrutar da sopa de pedra e celebrar. Havia comida suficiente para todos, e ainda sobrou. Os moradores aprenderam que, ao compartilhar, havia mais do que suficiente para todos, e a generosidade e a comunidade eram as verdadeiras "pedras mágicas" que faziam a sopa.

A moral da "Pedra Sopa" é que a generosidade e o compartilhamento podem trazer pessoas juntas, transformando a escassez em abundância. Quando cada um contribui com um pouco, a comunidade inteira se beneficia, criando uma sensação de gratidão, pertencimento e alegria compartilhada. Este conto nos lembra que a verdadeira riqueza está na nossa capacidade de unir e ajudar uns aos outros, especialmente em tempos de necessidade.

O Traje do Rei

Era uma vez um rei muito rico e poderoso, conhecido por seu reino próspero. Porém, apesar de sua riqueza, ele sentia que algo faltava em sua vida. Um dia, ele teve um sonho em que uma voz lhe dizia que a verdadeira riqueza não se encontrava em tesouros materiais, mas na generosidade para com os outros.

Ao acordar, o rei decidiu testar essa mensagem. Vestiu-se como um homem comum e saiu pelas ruas de seu reino, procurando oportunidades para praticar a caridade. Ao longo do dia, ele deu sua comida a um mendigo faminto, suas roupas a um homem que tremia de frio, e seu dinheiro a uma mãe que não tinha como alimentar seus filhos.

Ao fim do dia, enquanto o sol se punha, o rei, agora sem nada, sentou-se sob uma árvore, refletindo sobre suas ações. Foi então que a mesma voz do seu sonho falou novamente, revelando que cada ato de generosidade havia sido como uma peça de um traje invisível, mais valioso do que qualquer roupa que o dinheiro pudesse comprar. Esse traje era feito de amor, bondade e compaixão, e o adornava com uma beleza que todos podiam ver, mesmo que ele próprio não pudesse.

O rei retornou ao castelo, transformado pela experiência. Ele percebeu que, ao dar aos outros, ele não havia perdido nada. Pelo contrário, ganhou algo muito mais valioso: a alegria de ajudar aos outros e a paz de saber que havia feito a diferença em suas vidas. A partir daquele dia, ele se tornou um governante ainda melhor, lembrando sempre que a verdadeira riqueza está em como tratamos os outros.

A moral da história "O Traje do Rei" é que os atos de caridade e bondade trazem recompensas imensuráveis, não apenas para quem recebe, mas também para quem dá. A verdadeira riqueza e satisfação na vida vêm de contribuir para o bem-estar dos outros e de cultivar qualidades como compaixão, amor e generosidade. Este conto nos lembra que, ao ajudarmos aos outros, nós também nos elevamos.