Na semana passada (27° Dom. do T. Comum), Jesus disse: “o que Deus uniu, o homem não separe!”
No 28° Domingo é dito: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!”
O que vamos aprender nessa semana?
No Evangelho, um homem que cumpre todos os mandamentos pergunta a Jesus: “que devo fazer para ganhar a vida eterna?”. Na primeira leitura, a sabedoria é valorizada acima de todas as riquezas materiais.
Na segunda leitura, Paulo nos diz que a Palavra de Deus julga os pensamentos e as intenções do coração.
Neste domingo, refletimos se apenas cumprimos regras, ou se realmente seguimos a sabedoria de Deus no nosso coração.
Leituras
Primeira Leitura (Sb 7,7-11)
Leitura do Livro da Sabedoria
Orei, e foi-me dada a prudência; supliquei, e veio a mim o espírito da sabedoria. Preferi a Sabedoria aos cetros e tronos e em comparação com ela, julguei sem valor a riqueza; a ela não igualei nenhuma pedra preciosa, pois, a seu lado, todo o ouro do mundo é um punhado de areia e diante dela, a prata, será como a lama. Amei-a mais que a saúde e a beleza, e quis possuí-la mais que a luz, pois o esplendor que dela irradia não se apaga. Todos os bens me vieram com ela, pois uma riqueza incalculável está em suas mãos.
Salmo Responsorial – 89(90),12-17 (R. cf. 14) – Deus, confirma a nossa vida!
O Salmo 89(90) reflete sobre a brevidade da vida humana em comparação com a eternidade de Deus, e pede sabedoria e bênçãos divinas para viver uma vida significativa.
Refrão (cf. 14): Saciai-nos, ó Senhor, com vosso amor, e exultaremos de alegria!
Ensinai-nos a contar os nossos dias, e dai ao nosso coração sabedoria! Senhor, voltai-vos! Até quando tardareis? Tende piedade e compaixão de vossos servos! R.
Saciai-nos de manhã com vosso amor, e exultaremos de alegria todo o dia! Alegrai-nos pelos dias que sofremos, pelos anos que passamos na desgraça! R.
Manifestai a vossa obra a vossos servos, e a seus filhos revelai a vossa glória! Que a bondade do Senhor e nosso Deus † repouse sobre nós e nos conduza! Tornai fecundo, ó Senhor, nosso trabalho. R.
Segunda Leitura (Hb 4,12-13)
Leitura da Carta de São Paulo aos Hebreus
A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Ela julga os pensamentos e as intenções do coração. E não há criatura que possa ocultar-se diante dela. Tudo está nu e descoberto aos seus olhos, e é a ela que devemos prestar contas.
Evangelho (Mc 10,17-30)
Naquele tempo: Quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo, ajoelhou-se diante dele, e perguntou: 'Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?' Jesus disse: 'Por que me chamas de bom?' Só Deus é bom, e mais ninguém. Tu conheces os mandamentos: não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe!' Ele respondeu: 'Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude'. Jesus olhou para ele com amor, e disse: 'Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!' Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido e foi embora cheio de tristeza, porque era muito rico. Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos: 'Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!' Os discípulos se admiravam com estas palavras, mas ele disse de novo: 'Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus! É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus!' Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso, e perguntavam uns aos outros: 'Então, quem pode ser salvo?' Jesus olhou para eles e disse: 'Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível'. Pedro então começou a dizer-lhe: 'Eis que nós deixamos tudo e te seguimos'. Respondeu Jesus: 'Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida - casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições - e, no mundo futuro, a vida eterna.
Palavras do Papa
A liturgia de hoje oferece-nos um encontro entre Jesus e um homem que «possuía muita riqueza» (...). Quando leio isto, faço um teste sobre a minha fé.
O homem começa por formular uma pergunta: «O que devo fazer para alcançar a vida eterna?» (...). Eis a sua religiosidade: um dever, um fazer para obter. Mas esta é uma relação comercial com Deus (...). Eis um primeiro teste: para mim, o que é a fé? Se for principalmente um dever ou uma moeda de troca, estamos fora do caminho, pois a salvação é um dom e não um dever, é gratuita. (...).
Jesus (...) «fitando nele o olhar», «sentiu afeição por ele» (v. 21): Deus é assim! Eis de onde nasce e renasce a fé: não de um dever, não de algo a ser feito ou pago, mas de um olhar de amor (...). Procura o olhar de Deus: coloca-te em adoração, deixa-te perdoar na Confissão, (...) deixar-se amar por Ele, que é Pai.
Após a pergunta e o olhar (...) há um convite de Jesus, que diz: «Falta-te apenas uma coisa» (...). O dom, a gratuidade (...). Muitas vezes fazemos o mínimo indispensável, enquanto Jesus nos convida a fazer o máximo possível (...). “Vai, vende, doa, segue-me!” (cf. v. 21). A fé não pode limitar-se aos nãos, pois a vida cristã é um sim, um sim de amor. (...).
Uma fé sem dom, sem gratuidade, sem obras de caridade, acaba por nos entristecer: como o homem que, mesmo se Jesus olhou para ele com amor, voltou para casa «entristecido» e «pesaroso» (v. 22). Hoje podemos perguntar-nos: “Como está a minha fé? Vivo-a como algo mecânico, como uma relação de dever ou de interesse com Deus? (Angelus, 10 de outubro de 2021)