No 8º Domingo do Tempo Comum, finalizamos a primeira parte do Tempo Comum com Jesus dizendo: “Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho?”
Hoje iniciamos a Quaresma, Jesus diz: “quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita”.
A quarta-feira de cinzas não é um dia de preceito, mas marca o início da Quaresma. Jesus, usou esses 40 dias como preparação e fortalecimento para a sua pregação. Como você vai usar esse período?

O que vamos aprender nessa semana?
No Evangelho, Jesus ensina a praticarmos a justiça de forma sincera, sem a busca por atenção ou reconhecimento. Na Primeira Leitura, Deus convida-nos à conversão do coração através de jejuns, e um arrependimento sincero.
Na Segunda Leitura, Paulo nos exorta a nos reconciliarmos com Deus, aproveitando o “agora” da salvação.
Neste início da Quaresma, somos convidados a uma reflexão profunda sobre a reconciliação com Deus e a sinceridade em nossas práticas religiosas.
Leituras
Primeira Leitura (Jl 2,12-18) - Leitura da Profecia de Joel
“Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo”. Quem sabe, se ele se volta para vós e vos perdoa, e deixa atrás de si a bênção, oblação e libação para o Senhor, vosso Deus? Tocai trombeta em Sião, prescrevei o jejum sagrado, convocai a assembleia; congregai o povo, realizai cerimônias de culto, reuni anciãos, ajuntai crianças e lactentes; deixe o esposo seu aposento, e a esposa, seu leito. Chorem, postos entre o vestíbulo e o altar, os ministros sagrados do Senhor, e digam: “Perdoa, Senhor, a teu povo, e não deixes que esta tua herança sofra infâmia e que as nações a dominem”. Por que se haveria de dizer entre os povos: “Onde está o Deus deles?” Então o Senhor encheu-se de zelo por sua terra e perdoou ao seu povo.
Salmo Responsorial Sl 50(51), 3-4.5-6a.12-13.14.17 (R. cf. 3a) - Perdão, Misericórdia
O Salmo 50(51) é uma profunda súplica por misericórdia, reconhecendo o pecado e desejando a purificação.
Refrão (cf. 3a): Misericórdia, ó Senhor, pois pecamos.
Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! Na imensidão de vosso amor, purificai-me! Lavai-me todo inteiro do pecado, e apagai completamente a minha culpa! R.
Eu reconheço toda a minha iniquidade, o meu pecado está sempre à minha frente. Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, pratiquei o que é mau aos vossos olhos! R.
Criai em mim um coração que seja puro, dai-me de novo um espírito decidido. Ó Senhor, não me afasteis de vossa face, nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! R.
Dai-me de novo a alegria de ser salvo e confirmai-me com espírito generoso! Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar, e minha boca anunciará vosso louvor! R.
Segunda Leitura (2Cor 5,20-6,2) - Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos, somos embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus. Como colaboradores de Cristo, nós vos exortamos a não receberdes em vão a graça de Deus, pois ele diz: “No momento favorável, eu te ouvi e no dia da salvação, eu te socorri”. É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação.
Evangelho (Mt 6,1-6.16-18)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus. Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, de modo que, a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa. Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não vejam que tu estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”.
Palavras do Papa
Neste dia, que dá início ao tempo da Quaresma, (...) pode causar surpresa, mas no Evangelho de hoje a palavra que aparece mais vezes é recompensa. (...)
Mas o Senhor distingue dois tipos de recompensa: (...) a primeira é eterna, é a verdadeira. (...) Ao contrário, a segunda é transitória, (...) o sucesso mundano. (...) Quem tem em vista a recompensa do mundo nunca encontra paz, nem sabe promover a paz, porque perde de vista o Pai e os irmãos. É um risco que todos corremos; por isso nos adverte Jesus: «Guardai-vos…»! É como se dissesse: «Tendes a possibilidade de gozar uma recompensa infinita, uma recompensa sem igual: por isso tende cuidado». (...)
O rito das cinzas, que recebemos sobre a cabeça, (...) nos leva a refletir sobre a caducidade da nossa condição humana, é como um remédio de sabor amargo, mas eficaz para curar a doença da aparência. (...) Por isso, a Palavra de Deus convida-nos a olhar o nosso íntimo para ver as nossas hipocrisias. (...) As cinzas (...) lembram-nos que o mundanismo é como o pó, que um pouco de vento arrasta. Irmãs, irmãos, não estamos no mundo para correr atrás do vento; o nosso coração tem sede de eternidade. A Quaresma é um tempo que o Senhor nos deu para voltarmos a viver. (...) É um caminho de cura. (...) Para isto servem a oração, a caridade e o jejum. (...)
A oração humilde, feita «em segredo», no recanto do próprio quarto, torna-se o segredo para fazer florescer a vida no exterior. (...) Se a oração for verdadeira, não pode deixar de se traduzir em caridade. E a caridade liberta-nos da escravidão pior: a escravidão de nós mesmos. (...) Por fim, o jejum. Este não é uma dieta (...) para nos ajudar a ter em forma o corpo, mas o espírito. O jejum leva-nos de novo a dar o justo valor às coisas. (...) E o jejum não se deve restringir apenas ao alimento: especialmente na Quaresma, deve-se jejuar daquilo que gera em nós dependência. (...) (Basílica de Santa Sabina, 2 de março de 2022)