Na semana passada (6º Domingo do Tempo Comum) fomos chamados a confiar em Deus com o sermão da Bem-Aventurança.
No 7º Domingo do Tempo Comum, Jesus diz: “Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra”.

O que vamos aprender nessa semana?
No Evangelho, Jesus nos desafia a amar os inimigos e a ser misericordiosos, espelhando a bondade divina. Na Primeira Leitura, Davi exemplifica respeito e misericórdia ao poupar seu rival Saul.
Na Segunda Leitura, Paulo discute a transformação de homem terrestre (Adão) para celeste em Cristo.
Neste domingo, oremos por nossos desafetos, refletindo o amor celeste em nossos corações. Você já rezou por alguém que lhe causou dor?
Leituras
Primeira Leitura (1Sm 26,2.7-9.12-13.22-23) - Leitura do Primeiro Livro de Samuel
Naqueles dias, Saul pôs-se em marcha e desceu ao deserto de Zif. Vinha acompanhado de três mil homens, escolhidos de Israel, para procurar Davi no deserto de Zif. Davi e Abisai dirigiram-se de noite até ao acampamento, e encontraram Saul deitado e dormindo no meio das barricadas, com a sua lança à cabeceira, fincada no chão. Abner e seus soldados dormiam ao redor dele. Abisai disse a Davi: “Deus entregou hoje em tuas mãos o teu inimigo. Vou cravá-lo em terra com uma lançada, e não será preciso repetir o golpe”. Mas Davi respondeu: “Não o mates! Pois quem poderia estender a mão contra o ungido do Senhor, e ficar impune?” Então Davi apanhou a lança e a bilha de água que estavam junto da cabeceira de Saul, e foram-se embora. Ninguém os viu, ninguém se deu conta de nada, ninguém despertou, pois todos dormiam um profundo sono que o Senhor lhes tinha enviado. Davi atravessou para o outro lado, parou no alto do monte, ao longe, deixando um grande espaço entre eles. E Davi disse: “Aqui está a lança do rei. Venha cá um dos teus servos buscá-la! O Senhor retribuirá a cada um conforme a sua justiça e a sua fidelidade. Pois ele te havia entregue hoje em meu poder, mas eu não quis estender a minha mão contra o ungido do Senhor.”
Salmo Responsorial - Sl 102(103), 1-2.3-4.8.10.12-13 (R. 8a) - Louvor da Bondade Divina
O Salmo 102(103) louva a Deus por Sua infinita misericórdia e compaixão, motivando-nos a também sermos misericordiosos.
Refrão (R. 8a) - O Senhor é bondoso e compassivo.
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores! R.
Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão. R.
O Senhor é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas. R.
Quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes. Como um pai se compadece de seus filhos, o Senhor tem compaixão dos que o temem. R.
Segunda Leitura (1Cor 15,45-49) - Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos: O primeiro homem, Adão, “foi um ser vivo”. O segundo Adão é um espírito vivificante. Veio primeiro não o homem espiritual, mas o homem natural; depois é que veio o homem espiritual. O primeiro homem, tirado da terra, é terrestre; o segundo homem vem do céu. Como foi o homem terrestre, assim também são as pessoas terrestres; e como é o homem celeste, assim também vão ser as pessoas celestes. E como já refletimos a imagem do homem terrestre, assim também refletiremos a imagem do homem celeste.
Evangelho (Lc 6,27-38)
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “A vós que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica. Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva. O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim. E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que recompensa tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será colocada no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.
Palavras do Papa
«Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra» (v. 29). Quando ouvimos isto, parece-nos que o Senhor pede o impossível. E depois, por que amar os inimigos? (...) Será que o Senhor nos pede realmente coisas que são impossíveis, e aliás injustas? (...)
Jesus durante a sua paixão (...) recebe uma bofetada de um dos guardas. E como se comporta Ele? Não o insulta, não, diz ao guarda: «Se falei mal, prova-o. Mas se falei bem, por que me bates?» (Jo 18, 23). (...) Oferecer a outra face não significa sofrer em silêncio, ceder à injustiça. Com a sua pergunta Jesus denuncia o que é injusto. (...) Oferecer a outra face não é o recuo do perdedor, mas a ação de quem tem mais força interior. Oferecer a outra face é vencer o mal com o bem, abrindo uma brecha no coração do inimigo. (...)
Passemos à outra objeção: é possível que uma pessoa consiga amar os próprios inimigos? Se dependesse apenas de nós, seria impossível. Mas lembremo-nos que quando o Senhor pede algo, Ele quer dá-lo. O Senhor nunca nos pede algo que não nos dê primeiro. Quando Ele me diz para amar os inimigos, quer dar-me a capacidade de o fazer (...). A força de amar é o Espírito Santo, e com o Espírito de Jesus podemos responder ao mal com o bem. (...)
Pensemos numa pessoa que nos feriu. Cada um pense numa pessoa. (...) peçamos ao Espírito Santo que aja no nosso coração. Por fim, oremos por aquela pessoa. (...) Paremos e oremos ao Senhor por aquela pessoa, para que Ele a ajude, e então este sentimento de rancor será dissipado. Rezar por quem nos feriu é o primeiro passo para transformar o mal em bem. A oração! (Angelus, 20 de fevereiro de 2022)